quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
Os famosos Rolezinhos, direito ou abuso?
Criado em resposta à lei que proíbe bailes funks nas ruas da capital paulista, os encontros marcados pela internet por fãs do estilo musical em shoppings estão se espalhando pelo País.
Nesses encontros, apelidados de "rolezinhos" e embalados pelo funk estilo ostentação (que faz apologia a bens materiais), jovens, majoritariamente negros e de periferia, reúnem-se nos corredores dos centros comerciais para "zoar, pegar geral, se divertir etc", como definido nas redes sociais.
Inspirados por esse fenômeno, que tem dividido opiniões, seis adultos de Salvador resolveram promover, no Shopping Barra, a versão baiana do "rolezinho".
No Facebook, a página do evento ("Rolezinho das Antigas"), contava com 528 presenças confirmadas até as 22h de sexta-feira.
Motivações
Em conversa com o jornal A TARDE, quatro dos seis organizadores do encontro explicaram os motivos que provocaram a convocação.
Os universitários Maria Hortência Pinheiro, 22, e Alan Valadares, 24 - ligados ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB) -, participaram, em junho, das manifestações que ocuparam as ruas do País. Porém, fazem questão de diferenciar os dois fenômenos.
"São dois movimentos totalmente distintos. Quem hoje condena o rolezinho, estava na rua em junho. A burguesia também estava se manifestando", disse Maria.
Para Valadares, a rejeição de agora é motivada pelo que chama de "preconceito racial e socioeconômico".
"Esse preconceito está presente no dia a dia. A reação que a classe média tradicional teve diante desses jovens só reforça isso", afirmou.
Pacifismo
Já o bancário Álvaro Queirós e a professora Marijane Correia, 36, afirmam que, a princípio, o objetivo era impactar, mas que o desenrolar da polêmica mudou os rumos do "rolezinho" soteropolitano.
"A ideia é rever os amigos antigos, que, na década de 1990, davam rolé (sic) no shopping. Queremos nos divertir, na paz, para mostrar que todos podem ser incluídos nos ambientes", disse Marijane.
Medo
Controverso, o "rolezinho", assunto garantido em rodas de conversas, causam temor a clientes de shoppings.
É o caso da recepcionista Priscila D'Almeida, 23. Para ela, alguns grupos se aproveitam da situação para fazer baderna, pondo em risco a integridade dos clientes.
"Se eu estiver com minha avó, enquanto promovem uma correria para assustar alguém, ela pode se ferir gravemente, por exemplo", diz.
Posicionamentos
O Shopping Barra informou, em nota enviada pela assessoria, que "em acordo com o art. 5º da Constituição Federal, o estabelecimento respeita a liberdade de expressão e reunião pacífica, assim como preza pela integridade, segurança e bem-estar de todos os seus frequentadores e corpo de funcionários".
A direção do centro comercial não confirmou se vai aumentar o número de seguranças na data do encontro.
Também por meio de nota, a Polícia Militar afirmou estar "acompanhado a movimentação, através do Serviço de Inteligência". Segundo a corporação, "caso haja alguma necessidade de intervenção, essa será realizada dentro dos aspectos da legalidade e rigor previstos em lei".
O coordenador regional da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Edson Piaggio, afirmou preferir que os adolescentes "não frequentem os centros, caso queiram gerar desordem".
Para ele, "melhor seria que fossem feitos rolezinhos para doar sangue ou para limpar as praias". jornal o eco
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