sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Projeto 'Pinto Feliz' garante remédio para impotência de idosos em cidade do Sertão

Os idosos carentes de Catolé do Rocha, a 411 quilômetros de João Pessoa, no sertão da Paraíba, poderão receber medicamento para disfunção erétil gratuitamente através da Secretaria de Saúde do Município. 
Um projeto de lei inédito, que já teve a aprovação por unanimidade na Câmara do Município e que foi batizado popularmente de 'Pinto Feliz', permitirá a distribuição da medicação para os idosos de baixa renda, após eles passarem por avaliação médica.
O projeto de Lei nº 003/2014 de autoria do vereador Ari Nunes (PSDB) foi aprovado pelos 11 votos dos vereadores  de Catolé do Rocha, que tem cerca de 30 mil habitantes nessa segunda-feira (24).
Agora,  o projeto aguarda a sanção do prefeito Leomar Benício (PTB), que já recebeu o projeto da Câmara, teria tomado conhecimento do seu conteúdo, mas ainda não teria analisado o documento. Segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura, a decisão sobre o projeto acontece somente depois do carnaval. 
O vereador Ari Nunes contou que decidiu fazer o projeto para tentar transformá-lo em lei porque recebia constantemente pedidos de idosos com baixo poder aquisitivo e sem condições financeiras para comprar o remédio.
"Eles me pediam sempre e eu não queria causar problemas. Já tivemos aqui no município alguns casos de morte de idosos no momento do ato sexual por ingestão do medicamento para disfunção erétil sem passar por avaliação médica. Por isso, decidimos tentar evitar que mais mortes desse tipo aconteçam", justificou. 
De acordo com o projeto, o idoso teria a prescrição do remédio após passar por avaliação médica através do Sistema Único de Saúde (SUS) e receberia o medicamento da Secretaria de Saúde do Município, através dos postos de Saúde da Família.
"A ideia é polêmica, mas a intenção é dar qualidade de vida porque os idosos pobres também têm o direito de poder usufruir disso", disse.
Na opinião dele, o projeto é muito benéfico porque evitará a automedicação e incentivará os homens mais velhos a buscarem consultas médicas. Além da devida receita prescrita, o idoso tem também que comprovar renda de até dois salários mínimos.
Política Pública de Saúde
O urologista Leonardo Fonseca, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, seção Paraíba, disse ao Portal Correio que o projeto aprovado pela Câmara do  município de Catolé do Rocha é extremamente importante.
"É uma ideia louvável que nós já estamos tentando, há seis anos, implantar através de uma política de saúde pública junto ao Ministério da Saúde", revelou o especialista.
Leonardo Fonseca, no entanto, advertiu para que regras sejam seguidas, como por exemplo a de que o paciente deve ser avaliado por um urologista. "Para receber a medicação, o idoso precisa ser avaliado pelo menos numa consulta inicial por um urologista. Só um médico generalista não tem condições de fazer uma avaliação mais precisa que é extremamente necessária", ratificou
O médico explicou que não é todo paciente que pode receber esse tipo de medicação; teriam que ser avaliadas as necessidades e os riscos das doses para cada paciente.
Os medicamentos para disfunção erétil não podem ser usados por pessoas que tomam remédios vasodilatadores, como os nitratos, e o maior problema acontece em relação a interação com outros medicamentos que podem causar uma diminuição súbita da pressão arterial e do fluxo sanguíneo nas artérias coronárias. "Tem que ver também se o paciente não apresenta alergia ao composto", acrescentou.
Uso por jovens é perigoso
O urologista Leonardo Fonseca alertou para o consumo recreacional dos medicamentos para disfunção erétil principalmente por jovens. Na maioria das vezes, não há necessidade do uso e por isso as consequências são danosas. "O que pode acontecer, entre outras coisas, é a dependência psicológica, ou seja, o jovem ficar achando que só terá uma ereção satisfatória com o uso do medicamento", alertou.
Além disso, ele informou que os efeitos colaterais são intensos e nos casos dos jovens, eles podem ficar com ereção por um período muito longo, causando danos à saúde.
"Geralmente, essas pessoas usam o medicamento de forma indiscriminada e escondida, por isso o uso tanto por quem não precisa como por quem não pode usar o remédio é muito perigoso", revelou. O especialista revelou ainda que não é possível ter ideia de números em relação a ocorrências de mortes ou sequelas causadas pelo uso indiscriminado das medicações para disfunção erétil.
“Infelizmente, a automedicação é alta em relação a esse tipo de remédio e as pessoas fazem isso de forma escondida, por isso fica difícil fazer estatísticas a esse respeito”, informou.
Blog Mari Fuxico 

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